A Escola é o espaço privilegiado onde as novas ideias encontram condições
para florescer.
A assertividade das afirmações radica no
reconhecimento do estatuto do novo e na intrínseca relação de dependência dos
contextos mais ou menos favoráveis ao seu florescimento; carregadas de um valor
de verdade, as afirmações não incluem outra autoridade senão a que deve ser
reconhecida a todos os elementos desta comunidade educativa. Só a ânsia, ou até
mesmo a nostalgia de absoluto, explicariam a sua natureza axiomática, o que
revelaria alheamento dos múltiplos condicionalismos que, naturalmente, qualquer
mudança tem de enfrentar, ao constituir-se processo dinamizado por indivíduos atentos,
críticos, exigentes e, por conseguinte, por agentes empenhados numa participação
activa, indispensável à mudança liderada pela actual Direcção da nossa escola, seguramente
consciente de quão determinante é a valorização das múltiplas leituras da
realidade que, assumidas por todos,
serão já sinónimo de acção.
Defender o novo pressupõe reconhecer a
importância de tudo o que o antecedeu, pressupõe a valorização do que não perdeu
a actualidade e a pertinência. Também a dos que fizeram a anterioridade, mas
pressupõe igualmente a determinação e a frontalidade necessárias à concretização
de objectivos que se afirmam como um desafio, como um novo empreendimento a
reclamar experiências e saberes adquiridos, para prosseguir viagem com a escola
que é a nossa e que é, simultaneamente, produto e reflexo dos tempos
convulsivos que atravessa o ensino em Portugal. Queiramos ou não, a Escola é o
espaço para onde, de forma crua e (im)previsível, a sociedade presente e futura
converge, carregada de diversidades que nos exigem uma preparação, preparação que deixa sempre escapar qualquer inusitada situação a que não sabemos, ou não somos capazes de
responder adequadamente. Na verdade, a diversidade não é, em si,
necessariamente boa ou má; cada vez mais exuberante nas nossas escolas, ela exige
de todos a capacidade de potencializar o que tem de bom e a de ousar mudar o
que tem de mau, ou de menos bom, convocando para aqui um eufemismo que,
hipoteticamente, iluminará, ainda que metaforicamente, a realidade cujos
contornos se revelam densos. Disse metaforicamente, sim. As metáforas dizem
muito. Os números, também, claro! E não haverá números que são mais metafóricos
que as verdadeiras metáforas? Sim. Alguns são verdadeiras hipérboles, outros inequívocas
sinédoques. O que se pretende provocar com esta brevíssima incursão por
territórios estético-estilísticos é o diálogo, o verdadeiro diálogo sem o qual
toda a mudança e toda a novidade não serão mais do que simples arremedos, o “diálogo
construtivo”, expressão que, de tão repetida e inconsequente em tantas
situações, parece ter-se esvaziado dos seus mais nobres e desejáveis
propósitos. Que a humanidade da nossa escola possa exercer com propriedade o
sentido primordial da expressão; que saiba questionar, na convicção de que todos estamos sujeitos à mesma mudança
e à mesma observação, rumo a uma sabedoria que encontrará sempre,
inexoravelmente, uma realidade múltipla e contraditória, eis os valores da
ancoragem das minhas expectativas. Que das diferenças e da multiplicidade das
vozes e dos actos que as dizem se saiba amplificar e consolidar a mudança,
evitando cristalizações, eis o que desejamos. Eu desejo. Acredito que seja de usar
a primeira pessoa do plural.
Ana Blazer
Sem comentários:
Enviar um comentário